GERAL
E aí, você é gremista ou colorado?
   
A frustração é uma resposta natural aos obstáculos da vida

Por Cristiane Grumann, psicóloga
21/03/2025 07h45

Essa pergunta pode parecer estranha para um texto que visa abordar questões de saúde e psicologia. Contudo, diante dos resultados de domingo, sabemos que parte do nosso Estado está frustrada e a outra parte feliz e satisfeita. De certa forma, eis que resume um pouco como a vida funciona: dias que temos a sensação de que está tudo bem, de que o mundo gira a nosso favor e dias que nos sentimos errados, desconfortáveis, contrariados e parece que nossos desejos estão distantes do que a realidade nos apresenta. Ou seja, um eterno duelar, entre a realidade pura e simples, carregada de tudo que a gente não controla e nossos desejos pulsantes de como nosso pensar e sentir gostaria que fosse.

Trago um exemplo claro e recente do esporte para refletirmos sobre as pequenas e grandes frustrações da vida e como nós as encaramos. Frustrações são necessárias ao nosso crescimento e amadurecimento, mas, dependendo do contexto e da nossa capacidade de absorvê-las, elas podem ser motivo de sofrimento ou até adoecimento. Ou seja, a frustração é uma resposta natural aos obstáculos da vida e desempenha um papel importante no desenvolvimento psicológico, desde que gerida de maneira saudável. Ela pode ser tanto uma fonte de estresse quanto uma oportunidade para adaptação e aprendizado. Avaliarmos um acontecimento e termos a noção do tamanho que ele deve ocupar dentro do nosso mundo interno ou externo é o primeiro passo para sabermos lidar com as frustrações.

Desde a nossa infância somos levados a desenvolver estratégias para o enfrentamento de situações difíceis. Conforme vamos crescendo, através da ajuda, do exemplo e da orientação de um adulto emocionalmente equilibrado, somos expostos a frustrações necessárias e importantes para que nosso aparelho psíquico se instrumentalize e se fortaleça. Dessa forma, teremos sustentação emocional para aceitar a realidade como ela de fato é, para aprender a lidar com desejos ou vontades adiados ou não realizados, para saber regular nossas emoções e, sempre que necessário, para saber quando e como pedir ajuda.

Por outro lado, a falta de entendimento sobre como lidamos com nossas frustrações, pode contribuir para o desenvolvimento de distúrbios emocionais graves, como a ansiedade e a depressão. Por isso é tão importante a reflexão constante de como estamos reagindo diante de circunstâncias desfavoráveis. Entender o tamanho das nossas expectativas, saber observar quando ultrapassamos a linha tênue entre admiração e idealização, ou o quanto da nossa vida e da nossa energia canalizamos para uma ideia ou pessoa específica, é fundamental para o bem-estar psicológico. Às vezes é preciso mudar a rota e achar o ponto de virada para que a frustração seja algo administrável do cotidiano. Quando as frustrações nos fazem agir de maneira agressiva, reativa ou nos causam muita angústia ou raiva, devemos ligar o sinal de alerta para a mudança.

O mundo é imperfeito, surpreendente e as vezes hostil e não estamos imunes a isso. Contudo, quando aprendemos a tolerar mais as frustrações, aprendemos também a enfrentar a vida com mais resiliência, capacidade de adaptação, flexibilidade, paciência e criatividade na busca pela solução dos problemas. Qualidades fundamentais para nosso bem-estar e sucesso nos nossos objetivos.


   

  

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