GERAL
Como estamos cuidando dos meninos?
   
Historicamente, os meninos foram ensinados a reprimir sentimentos

Por Cristiane Grumann, psicóloga
23/05/2025 07h42

Cuidar dos meninos vai além de garantir sua saúde física e segurança. Envolve também oferecer suporte emocional, promover o desenvolvimento da empatia e desconstruir estereótipos de gênero que podem limitar seu desenvolvimento psicológico. Mas por qual motivo seria importante abordar especificamente a educação dos meninos? As estatísticas, com alguns números, respondem por si: 96% da população carcerária é do sexo masculino, 70% dos alcoolistas são homens, e eles têm uma taxa cinco vezes maior do que as mulheres quando falamos em morte por violência.

Historicamente, os meninos foram ensinados a reprimir sentimentos como tristeza, medo e sensibilidade. Eles já nascem com uma carga enorme de expectativas, como se sua posição no mundo fosse mostrar poder, coragem e controle. Nossa sociedade sempre foi permeada por uma educação machista, patriarcal, com padrões tóxicos de masculinidade, onde os meninos, desde cedo, devem ser “durões”, “autossuficientes” ou “dominantes”. Como consequência, isso se reflete na dinâmica de funcionamento da sociedade como um todo, pois traz consigo muitos conflitos emocionais, além de perpetuar ciclos de violência e dificuldades nas relações sociais.

Mas como transformar essa realidade?

A psicologia reforça a importância de permitir que os meninos expressem suas emoções livremente, sem julgamentos. Validar seus sentimentos ensina que vulnerabilidade não é fraqueza, mas parte da experiência humana. Promover uma masculinidade mais saudável e flexível é essencial para que eles se tornem adultos mais equilibrados e respeitosos. Ter figuras paternas ou modelos masculinos positivos também impacta significativamente o seu desenvolvimento. Crescer ao lado de homens emocionalmente disponíveis, que sabem conversar, ouvir e dar bons exemplos de convivência, faz muita diferença.

Ou seja, os meninos precisam ser ouvidos. Criar espaços seguros para que eles falem sobre seus medos, alegrias e dúvidas ajuda a construir autoestima e inteligência emocional. A escuta ativa por parte dos adultos reforça a ideia de que seus sentimentos importam.

Além disso, os meninos devem sempre ser encorajados a cuidar dos outros, a ajudar nas tarefas domésticas e a desenvolver vínculos afetivos com pessoas e animais. Isso fortalece a empatia e o senso de responsabilidade. É importante lembrar que cada menino é único. Permitir que ele descubra seus interesses — sejam eles brincadeiras, esportes, artes, ciência ou qualquer outra área — sem impor expectativas com base em estereótipos de gênero, é fundamental.

Contudo, devemos estar atentos a sinais de sofrimento. Meninos, muitas vezes, expressam tristeza ou ansiedade por meio de comportamentos agressivos ou retraídos. É importante observar mudanças de humor, queda no rendimento escolar, isolamento ou atitudes extremas, e procurar ajuda profissional quando necessário.

É essencial, portanto, repensar práticas educativas e sociais para acolher melhor os meninos em sua diversidade emocional, cognitiva e social. Uma educação mais equitativa precisa desconstruir normas enraizadas e tóxicas. Devemos promover reflexões críticas sobre o papel da cultura na formação subjetiva. Assim, formaremos indivíduos mais livres, sensíveis ao mundo ao seu redor, empáticos e conscientes.

Por fim, ficam as reflexões: você já conversou com seu filho hoje? Ele costuma desabafar com você? Que tipo de escuta ou canal de comunicação existe na sua casa? Na escola do seu filho, há um espaço específico de escuta voltado para os meninos, como grupos de apoio, projetos em sala de aula, entre outros?


   

  

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