CIDADES
Comportamentos precoces de adulto nas crianças: impactos psicológicos
   

Por Katisley Souza Gonzatto, psicóloga e neuropsicóloga
21/08/2025 08h38

O comportamento adulto precoce nas crianças acontece quando elas começam a adotar atitudes, falas e aparências próprias do mundo adulto antes do tempo previsto. Na internet, isso pode ser observado em vídeos de danças sexualizadas, uso excessivo de maquiagem, roupas inapropriadas para a idade ou até discursos que não condizem com sua maturidade emocional. Esse fenômeno ocorre, em grande parte, devido à exposição intensa e constante a modelos adultos por meio das redes sociais e da cultura digital. Influenciadores e marcas muitas vezes se aproveitam dessa exposição para vender produtos ou transformar crianças em “produtoras de conteúdo”. A busca por curtidas, seguidores e aprovação online reforça ainda mais esse ciclo.

Os impactos psicológicos desse comportamento são diversos e preocupantes. A baixa autoestima e a desvalorização pessoal surgem da comparação com padrões irreais de beleza e sucesso, gerando sentimentos de inadequação. A pressão por aceitação e popularidade causa ansiedade e estresse, reduzindo a espontaneidade típica da infância. A sexualização precoce fragiliza o desenvolvimento emocional e aumenta a vulnerabilidade a abusos e exploração. Além disso, interferências na construção da identidade podem causar confusão sobre os próprios papéis sociais e pessoais. A ênfase na aparência e performance compromete habilidades socioemocionais como criatividade, empatia e autorregulação. E, por fim, a dificuldade em lidar com frustrações pode desencadear quadros depressivos na adolescência.

A prevenção exige envolvimento direto da família, da escola e da sociedade. A supervisão ativa dos conteúdos consumidos e a definição de limites claros — como o tempo de tela e o acesso restrito a determinados conteúdos — são fundamentais. A criança não deve ter privacidade digital. Também é essencial fortalecer a autoestima, valorizando conquistas relacionadas ao brincar, à criatividade e ao aprendizado, além de oferecer uma educação digital crítica, que ensine que a internet mostra versões filtradas da realidade. Incentivar atividades lúdicas, esportivas e criativas fora da internet é uma forma poderosa de preservar a infância.

O comportamento adulto infantil, cada vez mais presente no mundo digital, traz riscos psicológicos sérios. No entanto, pais presentes, que orientam com afeto, mantêm limites firmes e constantes, dialogam com amor e incentivam a vivência plena da infância, são a maior proteção da criança. Com esse equilíbrio, é possível promover um crescimento saudável, fortalecendo a autoestima, a segurança emocional e a criatividade.


   

  

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