CIDADES |
O amor que fica: mãe de Muriel presta homenagem ao filho com lição sobre presença e afeto |
Estudante faleceu em acidente na última segunda-feira (21), em Floriano Peixoto |
"Ele foi sorrindo até quando os anjos pegaram ele": mãe de Muriel, menino vítima de acidente com trator, desabafa nas redes sociais
Nessa quarta-feira, 23 de abril, a mãe do pequeno Muriel Polazzo Vitalli, de 6 anos, emocionou familiares, amigos e toda a comunidade ao compartilhar um depoimento nas redes sociais sobre a tragédia que abalou Floriano Peixoto e região nessa semana.
"Falar do Muriel não é nada fácil neste momento, mas acredito ser necessário", começou Camila Polazzo Vitalli, professora da rede municipal de ensino de Getúlio Vargas. Em um texto sensível e dolorosamente verdadeiro, ela contou com detalhes os momentos que antecederam o acidente e prestou uma última homenagem ao filho, descrevendo o menino como uma criança alegre, pura e cheia de luz.
Camila relembra que a última segunda-feira, 20 de abril, parecia ser um dia comum — o prato favorito do Muriel, arroz e feijão, estava no almoço. O menino, animado como sempre, usou o gesto em libras para expressar que queria ir à escola. Em vez disso, a família saiu para um passeio no interior, onde o pai estava trabalhando na lavoura com o trator.
“Ele adorava trator, buzinava e mexia no volante enquanto estava no colo do papai”, escreveu ela.
O passeio parecia um momento comum de afeto e conexão familiar. Enquanto brincavam, encontraram pedras brilhantes e recolheram pinhão sob os pinheiros. O trator estava desligado, com todas as medidas de segurança adotadas: três marchas engatadas, freio de mão puxado, pneus virados para o barranco.
Mesmo assim, em um instante trágico, o trator começou a se mover. Camila descreve a cena com um carinho devastador:
“Ouvi um barulhinho... olhei para trás e vi o trator começar a andar. E vi que meu amor... minha vida... estava na caçamba de joelhos. Corri o mais rápido que pude, agarrei sua camisa, mas não consegui puxá-lo.”
Ela conta que Muriel olhou para ela, sentou na caçamba e sorriu. “Ele foi sorrindo até quando os anjos pegaram ele.”
O trator parou exatamente onde minutos antes haviam deixado uma cobra. As pedras brilhantes que recolheram juntos ainda permanecem sobre o trator.
A irmã de Muriel, Valentina, presenciou tudo. A mãe narra com um nó na garganta que a menina ficou olhando, em silêncio, tentando entender o que havia acontecido. A família, mesmo em choque, correu com ela nos braços para buscar socorro.
“Muriel sempre foi uma criança feliz, talvez a mais feliz do mundo. Ele fez com que mudássemos nossa maneira de ver o mundo. Era tão puro que o mundo não estava preparado para ele.”
No texto, Camila se recusa a trocar a foto de perfil por uma imagem de luto. Ela prefere manter o sorriso do filho vivo, assim como ele era nas fotos. Feliz.
“Quero dizer aqui para todos a maior lição que o Muriel deixou: a vida é breve e precisamos de coisas de valor... mas de valor no coração. Ele não se importava com brinquedos caros, roupas de marca... ele queria nosso tempo e nossa presença.”
Ela termina o depoimento pedindo que todos pensem nisso: tempo e presença. Os maiores presentes que podemos oferecer a quem amamos.
Mesmo destruídos, como ela mesma escreveu, os pais de Muriel sentem que cumpriram sua missão com o filho: amor, tempo e presença nunca faltaram para ele.
E deixa um último recado, através das palavras da pequena Valentina:
“Quando anoitecer, olhem para o céu… ele é a estrela maior do céu.”
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