CIDADES
Fim da gotinha: vacina injetável substitui a oral para poliomielite
   
Mudança no esquema vacinal passa a ser definitiva a partir dessa segunda-feira (4), segundo Ministério da Saúde

Por Gabriela Maraccini
04/11/2024 13h43

A partir dessa segunda-feira (4), o Ministério da Saúde vai substituir as duas doses de reforço com vacina oral poliomielite (VOP), conhecida como “gotinha“, por uma dose de vacina inativada poliomielite (VIP), que é injetável. A mudança no esquema vacinal contra a doença foi anunciada em setembro pela pasta.

Segundo o Ministério, a decisão foi baseada em critérios epidemiológicos, evidências científicas sobre a vacina e recomendações internacionais para deixar o esquema vacinal ainda mais seguro.

Anteriormente, o esquema vacinal contemplava a administração de três doses da VIP aos 2, 4 e 6 meses e duas doses de reforço com a VOP, aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

Agora, com a gotinha deixando de ser utilizada, será necessária apenas uma dose de reforço com VIP, aos 15 meses de idade, de modo que novo esquema vacinal será:

  • 2 meses – 1ª dose
  • 4 meses – 2ª dose
  • 6 meses – 3ª dose
  • 15 meses – dose de reforço

A mudança traz benefícios? Veja o que diz especialista

A VOP, ou gotinha, é uma vacina feita com o vírus enfraquecido e é administrada via oral. Já a vacina VIP contém o vírus inativado (morto), administrada via intramuscular.

“Quando eu substituo a vacina oral, eu estou tirando [do esquema] uma vacina de vírus vivo. Esse tipo de vacina apresenta algumas restrições, principalmente para crianças com alterações na imunidade, que podem ter problemas quando tomam vacinas de vírus vivo”, explica Alfredo Gilio, Coordenador da Clínica de Imunização do Hospital Israelita Albert Einstein, à CNN.

De acordo com o especialista, a substituição da gotinha pela vacina injetável trará benefícios para pessoas com sistema imunológico comprometido, além de evitar risco de contaminação por uma “variante vacinal” do vírus.

“Quando usamos a vacina oral de vírus vivo, ele é excretado nas fezes. Em um país como o Brasil, com baixa taxa de saneamento, esse vírus pode ser esparramado na comunidade”, acrescenta. “O vírus vivo no meio ambiente gera o risco de se transformar e formar o poliovírus derivado vacinal, que pode ser patogênico. Existe até um descritivo disso em outros países. Mas, no Brasil, ainda é um risco teórico”, afirma.

Fim do “Zé Gotinha”? Entenda o que vai acontecer com o personagem

Criado nos anos 1980, o Zé Gotinha é um personagem que marca a luta contra a poliomielite e está presente no imaginário de grande parte da população brasileira. Segundo o Ministério da Saúde, mesmo com o fim da aplicação da vacina oral, o personagem vai continuar existindo.

“O personagem entrou em campo também para alertar sobre a prevenção de outras doenças imunopreveníveis, como o sarampo. Portanto, ele continua trabalhando em prol da imunização”, afirma comunicado divulgado pela pasta em setembro.


   

  

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