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Faltam poucos meses para 2026: ainda dá tempo de fazer acontecer |
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O tempo passa num ritmo curioso. Parece que foi ontem que o ano começou, cheio de planos, expectativas e listas de metas rabiscadas em cadernos ou guardadas na memória. E agora, de repente, faltam pouco mais de dois meses para 2026. O relógio segue impassível, lembrando-nos de que o tempo não para — mas nós, sim, podemos escolher o que fazer com o que ainda resta.
O fim do ano sempre traz uma atmosfera diferente. As luzes começam a surgir nas ruas, o ar muda, e a sensação de fechamento se aproxima. É o momento em que muitos olham para trás e fazem balanços: o que deu certo, o que ficou pelo caminho, o que não teve tempo de acontecer. E, invariavelmente, vem aquela pergunta silenciosa — será que aproveitei o suficiente?
Mas talvez a questão não seja sobre ter feito tudo, e sim sobre ter vivido o que foi possível. A vida raramente segue o roteiro que escrevemos, e, ainda assim, há beleza no improviso. Às vezes, o que chamamos de atraso é apenas o tempo certo das coisas se encaixando quando estamos prontos para recebê-las.
Dois meses podem parecer pouco, mas muita coisa pode mudar nesse intervalo. Quantas histórias não começaram em menos tempo? Quantos encontros, projetos, reviravoltas e decisões transformaram destinos em um simples piscar de olhos? A virada do ano é simbólica, mas a verdadeira mudança acontece quando decidimos, de dentro, que queremos um novo começo.
Há quem já esteja cansado, contando os dias para encerrar o ciclo. Outros ainda acreditam que é tempo de agir, de arriscar, de tentar mais uma vez. E, de fato, sempre é tempo. Ainda há espaço para começar aquele projeto engavetado, retomar um hábito saudável, conversar com alguém que ficou no passado, ou simplesmente parar por um instante e respirar.
O fim do ano tem esse poder de nos fazer refletir sobre o que realmente importa. Entre as urgências e os compromissos, há um convite silencioso para desacelerar. Talvez o que você precisa agora não seja correr para cumprir metas, mas olhar com gentileza para si mesmo. Entender que cada passo, mesmo os pequenos, teve um propósito.
É comum sentir culpa por não ter alcançado tudo o que se planejou. Mas o tempo ensina que nem sempre a conquista é o que mais importa. Às vezes, o maior avanço é ter aprendido a lidar com as próprias falhas, a aceitar os imprevistos, a respeitar os próprios limites. Crescer também é saber pausar.
Há uma sabedoria sutil em reconhecer que a vida acontece nos detalhes — nas conversas demoradas, nas manhãs silenciosas, no café compartilhado, no abraço inesperado. Talvez o fim do ano seja menos sobre pressa e mais sobre presença. Sobre estar inteiro no agora, mesmo que o agora seja um intervalo entre o que foi e o que ainda vem.
Ainda dá tempo de recomeçar, mesmo que seja apenas dentro de si. Tempo de agradecer, de perdoar, de reorganizar os pensamentos. Tempo de dar sentido ao que pareceu perda, de enxergar aprendizado onde antes havia frustração. O tempo que resta pode ser o suficiente para virar uma página — não do calendário, mas da própria história.
Há uma beleza silenciosa em encerrar um ciclo com serenidade. Não é preciso que tudo esteja resolvido para seguir em frente. Basta reconhecer o caminho percorrido e aceitar que a vida, em sua imperfeição, segue seu curso. O que não aconteceu este ano pode florescer no próximo, ou simplesmente deixar de ser necessário.
Quando 2026 chegar, que ele não encontre pressa, mas disposição. Que o novo ano venha como um livro em branco, e que cada página seja escrita com mais consciência, mais verdade, mais calma. O tempo não precisa ser um inimigo; ele pode ser um aliado, se soubermos andar no compasso certo.
Ainda há dois meses — e isso é mais do que parece. Dois meses para encerrar o que começou, para tentar o que faltou coragem, para descansar o corpo e acalmar a alma. Dois meses para entender que a vida não se mede pelo que se cumpre, mas pelo que se vive.