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Projeto Sinais promove capacitação da rede de proteção em Getúlio Vargas |
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Encontro discutiu prevenção da violência extrema e formas de identificar sinais de radicalização entre jovens |

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), por meio do Núcleo de Prevenção à Violência Extrema (NUPVE), deu continuidade, nesta quinta-feira (21), às atividades do Projeto Sinais no Norte do Estado. A programação incluiu um encontro no Salão de Atos da Prefeitura de Getúlio Vargas, reunindo profissionais da rede de proteção da Comarca.
Estiveram presentes o secretário municipal de Saúde e Assistência Social, Eligio Pasa, o coordenador adjunto da 15ª Coordenadoria Regional de Educação, Alencar Loch, além dos promotores de Justiça Leonardo Rossi, Marcio Abreu Ferreira da Cunha, Doraní Borges Medeiros e Alexandre Murussi, entre outros.
Sinais de alerta e preditores de risco
A capacitação abordou temas como o processo de radicalização de adolescentes, a forma como aliciadores utilizam plataformas digitais para recrutar jovens, os impactos do bullying e da “trollagem”, além da relevância do diálogo familiar. Os palestrantes alertaram para a necessidade de uma ação articulada entre escolas, famílias, serviços de assistência social e forças de segurança.
Segundo os promotores, os sinais de alerta incluem isolamento social, interesse excessivo por conteúdos violentos, baixa tolerância à frustração, mudanças bruscas de comportamento e manifestações de ódio ou ideologias extremistas. “É fundamental que educadores, familiares e profissionais da rede de proteção estejam atentos a esses sinais. A prevenção só é eficaz quando todos falam a mesma língua e atuam de forma integrada”, destacou a promotora Doraní Medeiros.
Outro ponto debatido foi a importância da coleta de dados padronizados para compreender a realidade brasileira, ainda carente de estatísticas confiáveis sobre violência extrema. Conforme o promotor Leonardo Rossi, desde a criação do NUPVE já foram identificados e analisados cerca de 300 casos suspeitos de violência extrema em 77 cidades gaúchas, alguns com planos de ataque estruturados.
Responsabilidade compartilhada na prevenção
O encontro também destacou os preditores de risco, que englobam aspectos pessoais, familiares, sociais e escolares. Entre eles, baixa autoestima, sentimentos de marginalização, consumo de conteúdos violentos, dificuldades de interação e até desenhos e produções artísticas que expressem violência ou vingança.
O promotor Alexandre Murussi reforçou que a responsabilidade das famílias é central no processo de prevenção: “O protocolo número um de segurança é a fiscalização do ambiente familiar, o controle do acesso aos celulares e a atenção ao círculo social dos filhos”.
As ações do Projeto Sinais em Getúlio Vargas foram organizadas pelo NUPVE, com apoio da Promotoria Regional da Educação de Passo Fundo (PREDUC-PF) e da Promotoria de Justiça local, contando com a participação de representantes da Brigada Militar, escolas, CRAS, Conselho Tutelar e demais órgãos da rede.
Murussi concluiu enfatizando a importância do trabalho conjunto: “O episódio que marcou nossa comarca deve servir de alerta. Que estejamos unidos para identificar os sinais e agir preventivamente, evitando novas ocorrências”.